Nos 45 anos do PT, Vander pretende retornar à presidência estadual da sigla

No dia 10, o PT completou 45 anos de existência. Diferentemente dos anos de glória da legenda, as dificuldades para abrir espaço a novas lideranças e o esgotamento da “marca” de inclusão social são alguns dos principais desafios no horizonte da legenda do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.Após registrar o pior índice de aprovação dos seus três mandatos no cargo, conforme pesquisa DataFolha divulgada na sexta-feira, ele está avaliando com mais seriedade se tentará a reeleição em 2026, e é nesse cenário que a atual principal liderança do PT em Mato Grosso do Sul, o deputado federal Vander Loubet, iniciou sua jornada para retornar à presidência estadual da legenda.Conforme apurou o Correio do Estado, o parlamentar federal encontra um cenário cujo maior desafio é mudar o foco do partido, que, quando surgiu, nos anos 1980, tinha a classe trabalhadora organizada e sindicalizada como eixo e, agora, se vê desafiado pela falta de discurso para uma classe média que é muito plural e composta desde pequenos empresários e empreendedores até profissionais com pouca ou nenhuma folga no orçamento mensal.Apesar disso, de acordo com interlocutores de Vander Loubet ouvidos pela reportagem, o deputado federal colocou seu nome para a disputa noem julho, quando o PT vai passar pelo seu processo de eleição direta (PED) para eleger seus presidentes de diretórios estaduais e definir a composição para os demais cargos do partido.O Correio do Estado apurou que o deputado federal já teria preparado uma carta aos filiados ligados aos grupos que historicamente sempre o apoiaram dentro do PT, e essa carta já está circulando entre algumas lideranças. Nessa carta, ele defende algumas posições e argumenta porque é importante a sua eleição para presidente da legenda em Mato Grosso do Sul.Entre essas posições, Vander ressalta que sempre esteve no PT e com a sigla, sabendo construir e conduzir o partido a posições e espaços que prestigiam a legenda e seus filiados.O parlamentar argumenta ainda que foi presidente do diretório municipal de Campo Grande quando, em 1996, ajudou a levar o PT a uma campanha histórica para a prefeitura.CAMPANHA VITORIOSAOutro ponto é que teve papel central na coordenação da campanha vitoriosa que elegeu Zeca do PT governador, em 1999, além de ser o presidente do diretório estadual no momento de ápice dessa vitoriosa história, quando Zeca foi reeleito governador, em 2002. Na ocasião, ainda foram eleitos um senador, três deputados federais, mais de uma dezena de prefeitos e mais de uma centena de vereadores.Para concretizar esse projeto de retornar ao comando do PT, Vander tem se reunido com frequência com lideranças e filiados do partido na busca pelo consenso em torno do seu nome para essa disputa interna, tais como os deputados estaduais Zeca do PT e Pedro Kemp, além dos três vereadores de Campo Grande, Luiza Ribeiro, Jean e Landmark.As conversas também estão bem adiantadas com lideranças do PT de Dourados, incluindo a deputada estadual Gleice Jane. Ele também falou desse projeto com a colega de bancada federal, a deputada federal Camila Jara.No entanto, o Correio do Estado apurou que há focos de resistência dentro do PT a essa candidatura única de Vander.Os principais são o ex-vereador de Coxim e atual presidente do PT em MS, Vladimir Ferreira, que tem espalhado que é candidato à reeleição para o cargo, e o ex-prefeito de Mundo Novo Humberto Amaducci.Apesar desses focos, o deputado federal entende que há espaço para construir um consenso em torno do seu nome e, para isso, aposta no diálogo. Ele tem afirmado que a disputa pela presidência estadual do PT não tem relação com sua pré-candidatura a senador em 2026.Para ele, trata-se de projetos diferentes, por isso, tem afirmado o desejo de retornar à liderança partidária com o interesse de reestruturar e reorganizar o PT no Estado e construir um projeto para 2026 que garanta a manutenção ou a ampliação das bancadas estadual e federal do partido e, principalmente, a reeleição do presidente Lula.No entanto, ele reconhece que estar no comando da legenda pode facilitar e fortalecer as articulações políticas em torno do seu nome para o Senado no próximo ano. Por isso, Vander Loubet está conversando e buscando apoio tanto dos detentores de mandato quanto das demais lideranças das correntes internas do PT.DESAFIOS NACIONAISOs desafios enfrentados pelo deputado federal Vander Loubet para ser presidente do partido em Mato Grosso do Sul também são comuns para as outras lideranças do PT nas demais unidades da Federação e até na presidência nacional da legenda.Ou seja, a falta de renovação no discurso petista para dar conta de transformações no País, como o crescimento evangélico, e no mundo, como as mudanças climáticas.Sem falar da dificuldade de “discutir o futuro pós-Lula”, pois, assim como nos anos 1980 e nas duas primeiras décadas deste novo século, o atual presidente unifica o PT, enquanto o surgimento de novas lideranças tende a causar divisão.A resiliência eleitoral do partido na Região Nordeste vem estimulando uma mobilização interna para que uma liderança nordestina seja alçada à presidência do PT ao fim do mandato de Gleisi Hoffmann, do Paraná, neste ano. O favorito é Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP), mas nomes como o atual líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), já foram cotados.A atual disputa interna envolve dois nomes da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil, que tem Lula como principal liderança. O cenário exemplifica um partido mais pujante na disputa pela ocupação de espaços para debater novas propostas, como foram os programas de transferência de renda no primeiro governo Lula.O partido tem novos quadros, mas não tem um programa para apresentar ao País. A inclusão social, bem ou mal, já foi feita, e pode ser que em 2026 o PT continue a ser um ponto de convergência para os que defendem algo melhor do que o bolsonarismo, mas isso é muito pouco e não é para o futuro.SAIBAO PT retornou ao comando do governo federal prestes a completar 50 anos de existência, mas já não cresce como no passado, tendo como maior desafio vencer a estagnação. Se em 2002 chegou a ter 91 deputados federais, agora só tem 69, número que pode chegar a 81, caso se inclua os eleitos pelo PV e o PCdoB. Com quatro governadores, viu o número de prefeitos despencar de 629, em 2012, para 248, no ano passado.Assine o Correio do Estado ONLY AVAILABLE IN PAID PLANS
🔔 Clique no link, entre em nossa comunidade no WhatsApp do Guia Lacerda e receba notícias em tempo real!