Terminal de Porto Murtinho deve entrar em operação ainda no primeiro semestre

Desativado desde 2021, o terminal portuário de Porto Murtinho deve voltar a funcionar ainda neste ano. Às margens do Rio Paraguai, o terminal é considerado estratégico pelo posicionamento geográfico e por sua complexidade de infraestrutura portuária. A estrutura foi leiloada no mês passado e arrematada por mais de R$ 30 milhões.
Na semana passada, o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, reuniu-se com os diretores da empresa Navios South American Logistics Inc., que arrematou, no fim de janeiro, o terminal portuário de Porto Murtinho. “Eles informaram que a Navios já iniciou trabalhos necessários de manutenção no terminal de Porto Murtinho. Vão solicitar a renovação da licença de operação junto ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e, segundo o cronograma previsto, devem retomar as operações do terminal portuário até o fim deste primeiro semestre de 2025”, informou.Na ocasião, os diretores da empresa Wilde Schenck Baridon e George Achniotis apresentaram os planos da Navios, que já opera outros três portos na Bacia do Prata – na Argentina (Nova Palmira), em Assunção e no Uruguai –, rota por onde passa o minério extraído de Mato Grosso do Sul.O ex-administrador do local, Osvaldo Anastácio Filho, que cuidou do terminal durante cinco anos, de 2003 a 2019 recorda que o terminal, em seu auge, operou com cerca de 40 funcionários, fora os empregos gerados de forma indireta, tendo sua importância no transporte de cargas pelo Rio Paraguai.
“Em todo seu potencial, chegou a exportar em um ano 413 mil toneladas, entre farelo de soja, açúcar, milho, servindo também para importar trigo, cevada, malte e ferro de países da América Latina”, lembra ele, com certo saudosismo.Para o ex-administrador, a compra do porto é um bom negócio, “mas o terminal precisa ter outros movimentos de carga, como minério, fertilizante, combustíveis e outras mercadorias de carga em geral”, acredita Anastácio Filho.LEILÃOO governo do Estado colocou as áreas e a estrutura de equipamentos do terminal portuário de Porto Murtinho à venda por R$ 16,6 milhões.O anúncio foi realizado por meio do Diário Oficial, publicado no dia 13 de janeiro, conforme já reportado pelo Correio do Estado.A decisão faz parte de uma estratégia de reestruturação e fortalecimento da infraestrutura logística da região, visando atrair investimentos privados e impulsionar o escoamento de produção.O pacote leiloado incluiu três áreas, totalizando 47.363,81 metros quadrados, localizados na área urbana de Porto Murtinho, às margens do Rio Paraguai.Com o terreno, também foram ofertados equipamentos como balanças, plataformas, compressores de ar, elevadores e correias transportadoras utilizadas no embarque e no desembarque de produtos.Inicialmente, o plano previa a concessão do complexo ao setor privado, mas o Executivo estadual optou por reavaliar a estratégia e promover o leilão direto da estrutura.Realizado no dia 27 de janeiro, o leilão ocorreu de maneira on-line e atraiu ampla atenção do mercado. Durante os sete dias em que a página ficou no ar, foram registrados 2.849 acessos.A disputa final envolveu três empresas, com a Navios South American Logistics Inc. saindo vencedora ao apresentar um lance de R$ 30.515.000,00, quase o dobro do valor inicial, fixado em R$ 16.665.000,00.
O resultado reforça o potencial estratégico do terminal para o setor de logística e exportação.Com a privatização, a expectativa é de que o terminal passe por um processo de modernização e ampliação, possibilitando uma melhor estrutura para o escoamento de commodities como milho e soja. A nova gestão também deverá implementar melhorias em infraestrutura e tecnologia, garantindo maior eficiência no transporte de cargas.HUB LOGÍSTICOA reativação do complexo portuário tem potencial para integrar o modal hidroviário à Rota Bioceânica, transformando Porto Murtinho em um hub logístico multimodal para a América do Sul.O município, situado a 443 quilômetros de Campo Grande, vive a expectativa de se consolidar como um dos principais pontos de conexão entre o Brasil e os mercados da Ásia e da Oceania.Considerado o Portal da Rota Bioceânica, Porto Murtinho está passando por uma série de adequações para suportar o aumento na demanda logística.O corredor rodoviário que ligará os oceanos Atlântico e Pacífico passará pelo município, tornando o terminal portuário uma peça-chave na infraestrutura multimodal (rodoviário e hidroviário) para exportação e importação. Essa conexão permitirá uma redução significativa nos custos logísticos e nos tempos de entrega.Com a Rota Bioceânica, o Brasil projeta escoar sua produção agropecuária, incluindo soja, milho, carne, etanol, DDG, celulose e algodão, para a Ásia, a Oceania e a Costa Oeste da América do Norte.O transporte pode ter uma redução de até 17 dias em relação às rotas tradicionais, além de possibilitar a importação de insumos e mercadorias com custos de frete mais baixos.Um marco fundamental dessa interligação é a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, que terá 1.294 metros de extensão.Com aproximadamente 60% das obras concluídas, a previsão é de que a estrutura esteja finalizada em breve, consolidando Porto Murtinho como um dos principais corredores de exportação do Brasil.
O projeto da ponte representa um passo estratégico na integração logística do País com os mercados internacionais, reforçando a posição do Brasil no comércio global.Assine o Correio do Estado.
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