Governo Lula já calcula que Ferrogrão não deve sair neste mandato

Governo Lula já calcula que Ferrogrão não deve sair neste mandato

THIAGO BETHÔNICOSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já calcula que a Ferrogrão —obra monumental da região Amazônia que liga o Mato Grosso ao Pará— não vai sair do papel neste mandato.O Ministério dos Transportes diz que ainda trabalha com a perspectiva de fazer o leilão até o fim de 2026, mas que o projeto não depende apenas da pasta. Já a secretaria do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), ligada à Casa Civil, acredita que a licitação deve ficar para o próximo ciclo.Em entrevista à Folha, Marcus Cavalcanti, secretário especial do PPI, afirma que a Ferrogrão é um projeto de longo prazo e grandes investimentos, e que o governo também trabalha em outras concessões ferroviárias, como a Fico (Ferrovia do Centro-Oeste) e a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste).”Está no Novo PAC a conclusão dos estudos [da Ferrogrão]. Tem a alternativa de mudança de traçado.

Mas eu acho que a gente não licita nesse ciclo”, diz.Segundo ele, o governo está colocando esses outros projetos na frente para correr.”Não adianta eu querer botar no pipeline, porque não tem nem player [interessado], não tem nem financiamento”, diz.”Nosso trabalho nesse ciclo de um ano e dez meses [até o fim do mandato] é deixar concluídos os novos estudos e aí ficar para o novo ciclo tomar a decisão da execução”, acrescenta.A Ferrogrão é um dos projetos que integram o Plano Nacional de Ferrovias do governo federal, voltado para a concessão de 4.700 km de estradas de ferro, com empreendimentos que cortam as regiões Sudeste, Norte e Nordeste.A previsão do governo é que esses projetos atraiam investimentos na ordem de R$ 100 bilhões.Com 933 quilômetros previstos para interligar Sinop (MT) a Miritituba (PA), levando a carga do agronegócio para os portos da região Norte do país, a Ferrogrão é o projeto que tem enfrentado maior dificuldade de licenciamento ambiental, por avançar em território amazônico.Hoje, a definição desse empreendimento ainda depende de um aval do STF (Supremo Tribunal Federal), após ter sido judicializado por causa de suas implicações na região e impacto em unidades de conservação.No ano passado, o governo atualizou o traçado da estrada para diminuir as contestações socioambientais ao projeto.A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) chegou a considerar “perfeitamente possível” que o leilão da Ferrogrão acontecesse ainda em 2025.Atualmente, o projeto está com a agência reguladora, que atua na estruturação jurídica, regulatória e econômica dos estudos de viabilidade do projeto.”A previsão é de que os documentos sejam novamente protocolados no Tribunal de Contas da União (TCU) até o fim do primeiro semestre deste ano, conforme lista de prioridade de tratamento de projetos ferroviários. No entanto, a ANTT ressalta que não há uma data exata definida para o envio”, diz em nota.George Santoro, secretário do Ministério dos Transportes, explica que a pasta fez a atualização que precisava. Segundo ele, a audiência pública está agendada e o governo espera o TCU e o aval do STF.”Estamos fazendo o que podemos, dentro das nossas competências”, diz.”Melhoramos o projeto, criamos um item de sustentabilidade com R$ 1 bilhão de compensação ambiental que não tinha.

Fizemos discussões com os povos indígenas. Eles entendem que não foi suficiente, mas ok, fizemos uma discussão”, afirma.Questionado se a Ferrogrão pode sair ainda neste mandato, Santoro diz que o ministério está trabalhando com esse cenário. “Mas não depende só de nós.”.

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Adriano Monezi

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