Polícia Militar estuda criar batalhão para atender vítimas de violência doméstica
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O feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, na semana passada, e a reação de uma grande quantidade de mulheres vítimas de violência doméstica, que endossaram as críticas feitas pela jornalista ao atendimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), levaram as autoridades da rede de proteção às mulheres a reagir. Da Polícia Militar (PM), que também sofreu críticas da opinião pública depois de remover quatro dos sete policiais que atuavam no Programa Mulher Segura (Promuse), todos com boa aceitação das vítimas de violência, poderão surgir as primeiras mudanças de rumo. O Correio do Estado apurou com políticos e integrantes da PM que a força se prepara para criar, ainda neste ano, um batalhão policial dedicado a atender casos de violência doméstica. O plano já está com o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, e aguarda o aval do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, para ser implementado. Nesta semana, o Correio do Estado informou que, dentro da Polícia Militar, os casos de violência doméstica estão entre os que mais movimentam as equipes.Os chamados para atender mulheres que são agredidas pelos companheiros ou outros familiares só perdem em número para chamados de perturbação do sossego. Caso seja levada adiante, a criação do batalhão para casos de violência doméstica precisará de dotação orçamentária e remanejamento de policiais para sair do papel.O plano é considerado uma medida de médio prazo, assim como a ideia de instalar câmeras para monitorar os atendimentos ao público nas delegacias administradas pela Polícia Civil, começando pela Deam, que teve falhas expostas pela jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio na semana passada, horas depois de ter procurado atendimento no local. O Correio do Estado conversou com uma das policiais que integrava o Promuse e agora foi deslocada para outras atividades.Ela revelou que, depois da divulgação de uma suposta represália feita a uma integrante o Promuse, que expôs em uma rede social a falta de acolhida dentro da instituição após sofrer violência doméstica (o ex-marido dela também é policial e é alvo de medida protetiva), a equipe foi removida sumariamente. A Polícia Militar chegou a cometer um erro na justificativa da remoção da equipe do Promuse. Na primeira publicação, nesta segunda-feira, afirmou que a transferência seria por “interesse próprio” da equipe. No dia seguinte, a subcomandante-geral da Polícia Militar, coronel Neidy Nunes Barbosa Centurião, trocou a justificativa da transferência para “necessidade de serviço”. DEAMNa Deam, o clima ontem foi menos tenso. Depois de uma “rebelião” das delegadas do local, que ameaçaram uma renúncia coletiva de suas funções em solidariedade às colegas que atenderam Vanessa Ricarte e estavam sob pressão, veio a primeira medida concreta para amenizar a crise. A Polícia Civil deverá transferir mais dois delegados, do sexo masculino, para a Deam, para contribuir na conclusão de inquéritos e no atendimento às vítimas de violência. Conforme apurado pela reportagem, as definições acerca dos nomeados seriam alinhadas pelo governo do Estado, a Sejusp e a Polícia Civil na tarde desta quarta-feira. A reportagem entrou em contato com o delegado-geral da Polícia Civil, Lupersio Degerone, a fim de saber mais detalhes acerca das nomeações, entretanto, não obteve retorno até o fechamento desta edição.Assine o Correio do Estado ONLY AVAILABLE IN PAID PLANS
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