Seis favoritos ao Oscar de melhor filme internacional reafirmam hegemonia europeia e força brasileira

Seis favoritos ao Oscar de melhor filme internacional reafirmam hegemonia europeia e força brasileira

Foto: “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça

Por Maria do Rosário Caetano

Seis filmes são tidos como favoritos ao Oscar internacional: o brasileiro “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça, o norueguês “Valor Sentimental”, de Joachim Trier, o iraniano “Foi Apenas um Acidente”, de Jafar Panahi, representante da França, o espanhol “Sirât”, de Oliver Laxe, o coreano “Sem Outra Escolha”, de Park Chan-wook, e o tunisiano “A Voz de Hind Hajab”, da realizadora Kaouther Ben Hania.

Se as previsões de especialistas estiverem certas, um destes títulos será descartado, pois serão apenas cinco os escolhidos. Se o excluído for o filme africano de Ben Hania – tido como favorito ao Leão de Ouro de Veneza, mas derrotado pelo estadunidense “Pai Mãe Irmã Irmão”, de Jim Jarmush – tudo leva a crer que outra produção feminina entrará em campo, tirando assim, vaga de um dos títulos mais balados da temporada anual dos grandes festivais internacionais.

Dificilmente os votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood entregarão todas as vagas da categoria internacional a filmes dirigidos, em sua totalidade, por homens.

“A Voz de Hind Hajab” narra uma história palestina. Kaouther Ben Hania reconstitui o que se passou numa noite de pavor em Gaza. Uma família foi vítima de brutal ataque, restando uma única sobrevivente,  a pequena Hind Rijab, de seis anos. Em apelo desesperado, a garotinha telefona para o setor humanitário da Cruz Vermelha. Voluntários da instituição tentam resgatá-la daquela situação desesperadora, conflagrada. O filme causou comoção em Veneza, mas perdeu o Leão de Ouro (restou-lhe o segundo prêmio, o do Júri).

Se não ocupar a vaga feminina na categoria internacional, o filme tunisiano poderá ser substituído por tramas de grande qualidade, comandadas por mulheres. Caso do taiwanês “A Garota Canhota”, de Shih-Ching Tsou, do egípcio “Feliz Aniversário”, de Sarah Goher, e do alemão “O Som da Queda”, de Mascha Schilinski.

Outro critério que costuma pautar os votos dos acadêmicos tem a ver com a representatividade geográfica. Ele não é decisivo, mas se houver – além de candidatos da Europa (sempre majoritária) – representantes fortes da Ámérica Latina, da África e da Ásia, melhor para a Academia. Pois maior será a capacidade de mobilização de espectadores mundo afora.

Na edição de número 98, a de 2026, agendada para o dia 15 de março, os europeus ocupam três vagas entre os favoritos (com filmes da Noruega, Espanha e França). A Ásia tem a Coreia do Sul representada por título poderoso, “Sem Outra Escolha”. O filme de Park Chan Wook traz pontos em comum com o vitorioso “Parasita”, de Bong Joon-ho, primeiro filme asiático a triunfar, inclusive na categoria principal.

O novo longa do diretor da “Trilogia da Vingança” sustenta-se em tema da maior importância (a brutalidade que tomou conta do mundo laboral), realiza descolada soma de gêneros (thriller, comédia e drama familiar), esbanja poder de sedução junto a grandes parcelas do público e traz a competência técnico-artística do país do Extremo-Oriente.

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“Valor Sentimental”, de Joachim Trier

A presença de “O Agente Secreto”, que já soma muitos indicadores positivos, tem no critério geográfico outra de suas forças. Nenhum filme latino-americano brilhou (e continua brilhando) ao longo desse ano como o longa-metragem de Kleber Mendonça. Argentina, Chile e México, detentores, junto com o Brasil, de estatuetas de melhor filme internacional, não contam com candidatos fortes. Embora o subcontinente some treze pré-indicações, nenhuma delas parece ter cacife para destacar-se na ferrenha disputa pelo Oscar desse ano.

A África, mais uma vez, conta com poucos representantes. Apenas seis. O egípcio “Feliz Aniversário”, de Sarah Goher, o senegalês “Demba”, de Mamadou Dia, o marroquino “Calle Málaga”, de Maryam Touzanio, o sul-africano “The Heart is a Muscle”, de Imran Hamdulay, o ugandense “Kimote”, de Hassan Mageye, e “Disco Afrika: A Malagasy Story”, de Luck Razanajaona (Madagascar). Destes, só o drama social “Feliz Aniversário”, de tintas neo-realistas, tem alguma chance de aparecer entre os 15 semifinalistas (primeira peneira, a ser divulgada dia 16 de dezembro). Ou na lista dos cinco finalistas (esta será divulgada dia 22 de janeiro).

A Mostra de Cinema de São Paulo exibiu 16 dos 91 indicados ao Oscar internacional. E quatro dos favoritos (cinco, se contarmos “A Garota Canhota”): “Sirât”, “Foi Apenas um Acidente”, “Sem Outra Escolha” e o pernambucano “O Agente Secreto”.

O público do festival paulistano escolheu cinco (todos realizados por diretores de primeiro ou segundo longa-metragem) dos 91 pré-qualificados ao Oscar para a disputa do Troféu Bandeira Paulista. Curioso notar que as crianças (e adolescentes) continuam comovendo espectadores, inclusive cinéfilos abertos historicamente a filmes mais transgressores e/ou inovadores.

Como bem observou Ismail Xavier, professor emérito da USP, as crianças constituem, nesse tempo sem utopias, “o universal que nos resta”. Em ensaio escrito em 2000, no qual analisou o ressentimento, marca de muitos personagens de nossos filmes, o professor uspiano concluiu suas reflexões com uma pergunta: Inocência?” Para constatar: “Somente (a encontraremos) na figura do infante, espécie de reserva do que ainda pode gerar compaixão, encarnar valores, prometer”.

Entre os 12 filmes selecionados pela Mostra SP para a competição Novos Diretores, a maioria conta com personagens infantis ou adolescentes. Terá coração de ferro quem resistir à menininha de cinco anos que protagoniza “A Garota Canhota”. O filme, dirigido por Shih-Ching Tsou, pode ocupar uma cobiçada vaga entre os cinco finalistas ao Oscar internacional. Além de suas imensas qualidades, ele conta com “nome da hora” em seus créditos – Sean Baker. Sim, o premiadíssimo diretor de “Anora”, Palma de Ouro em Cannes e detentor do Oscar (conquistado em março último). Ele é co-roteirista, montador e coprodutor do filme taiwanês.

A menina canhota se chama I-aan. Ela vive com a mãe e uma irmã mais velha, num pequeno apartamento. O sustento da casa vem dos ganhos auferidos numa barraca de comida situada em mercado popular. A garotinha corre de um lado para outro e se relaciona bem com todos que a cercam. Um dia, porém, o avô lhe trará incômoda perturbação ao afirmar que a mão esquerda é a “mão do diabo”. Sendo canhota, o vaticínio calará fundo nos atos da garotinha.

Resistir ao desempenho de I-aan é impossível. O trabalho da pequena atriz chinesa encontra-se no nível de Jackie Coogan, “O Garoto” de Chaplin, de Enzo Staiola, em “Ladrões de Bicicleta”, de Fernando Ramos da Silva, o “Pixote”, e de Salvatore Cascio, o Totò de “Cinema Paradiso”.

O egípcio “Feliz Aniversário”, de Sarah Goher, também é de cortar o coração. Conta a história de uma menina pobre (Toha) e outra de classe média (Nelly). Esta prepara-se para festejar seu aniversário. Mas sua mãe, em processo de divórcio, não tem cabeça para organizar a festinha. Toha, magrinha e esperta, deveria estar brincando. Mas, na verdade, faz trabalho pesado de doméstica na casa grande. Tomada pelo sonho de apagar uma das nove velinhas do bolo de Nelly, ato que lhe dará direito a fazer um pedido, a menina tudo fará para convencer a “patroa” a promover a festinha. Nas partes ambientadas na periferia da cidade, em especial a da pesca manual nas águas do Nilo, o filme encontrará seus momentos mais fortes.

Outro filme com protagonistas mirins, ambos encantadores, é “The President’s Cake”, de Hasan Hadi, do Iraque. A trama é aliciadora. E a menina Lamia impregna nos sentidos do público. Esperta e cheia de vida, ela vive no Iraque dos anos 1990, época em que EUA e aliados invadiram o país sob o (falso) argumento de que o governo de Sadam Hussein desenvolvia armas nucleares. O conflito bélico aparece, na trama, apenas como pano de fundo. Os iraquianos, principalmente os pobres, vivem grave escassez de alimentos.

Mesmo a contragosto, a menina Lamia terá que fazer um bolo para festejar o aniversário do presidente Hussein. Sorteio realizado na escola atribuiu a ela esta (indesejada) tarefa. Se não cumprir a missão, os prejuízos serão graves para ela e todos os seus. Com um galo de estimação debaixo do braço, Lamia sairá pelas ruas da cidade em busca dos ingredientes necessários (ovos, farinha, fermento). Uma busca reveladora. E tratada de forma adulta.

Um aspecto une “O Bolo do Presidente” iraquiano ao “Feliz Aniversário” egípcio: os riscos (de abuso sexual infantil) sofridos pelas duas protagonistas. Mas os diretores constroem suas narrativas com sutileza e distanciamento crítico. Lamia será atraída à área de cinemas pornôs por figura insinuante. E Toha poderá embarcar num tuk-tuk clandestino conduzido por motorista prestativo, mas mal intencionado.

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“A Garota Canhota”, de Shih-Ching Tsou

O alemão “O Som da Queda”, de Mascha Schilinski, laureado com o Prêmio do Júri, em Cannes, mostra quatro meninas (Alma, Erika, Angelika e Lenka). Elas passam sua juventude numa fazenda no norte germânico. Ao longo do século, a casa irá se transformando. Separadas no tempo, a existência de uma acabará projetando reflexos na vida das outras.

A pré-lista dos 15 indicados (dos quais sairão os cinco finalistas) não incluirá, mais uma vez, um longa-metragem russo. Isto porque o grande país do Leste Europeu está sob bloqueio econômico (e cultural), devido à invasão da Ucrânia. Já a grande Nigéria, país mais populoso da África, entendeu que os seis filmes inscritos não traziam qualidades técnicas e artísticas para serem submetidos ao julgamento da Academia de Hollywood.

A Itália, detentora, junto com a França, do maior número de estatuetas de melhor produção internacional, preteriu “La Grazia”, o filme do oscarizado Paolo Sorrentino, protagonizado por Toni Servillo (Copa Volpi em Veneza), ao trocá-lo por “Família”, de Francesco Costabile. Será que tal escolha provocará, na Península, o auê verificado dois anos atrás, na França, quando “O Sabor da Vida” foi escolhido pelo comitê do Oscar, deixando “Anatomia de uma Queda” (quase) ao relento?

Por fim, há que se lembrar que a Europa segue firme em sua “missão civilizadora” (chamemos, ironicamente, assim). A França empresta sua bandeira a Jafar Panahi e seu poderoso “Foi Apenas um Acidente” (um filme 100% iraniano) e o Reino Unido, ao nigeriano (feito com grana britânica) “A Sombra do meu Pai”, de Akinola Davies Jr. A maioria dos produtores europeus busca, cada vez com maior sofreguidão, vaga na disputa pela estatueta careca, objeto de desejo patrocinado pela mais midiática festa do cinema planetário.

Confira os pré-indicados:

. “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho (Brasil)
. “Foi Apenas um Acidente”, de Jafar Panahi (França)
. “Valor Sentimental”, de Joachim Trier (Noruega)
. “Sirât”, de Oliver Laxe (Espanha)
. “Sem Outra Escolha”, de Park Chan-wook (Coréia do Sul)
. “A Voz de Hind Hajab”, de Kaouther Ben Hania (Tunísia)
. “O Som da Queda”, de Mascha Schilinski (Alemanha)
. “A Garota Canhota”, de Shih-Ching Tsou (Taiwan)
. “Feliz Aniversário”, de Sarah Goher (Egito)
. “The President’s Cake”, de Hasan Hadi (Iraque)
. “Jovens Mães”, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (Bélgica)
. “Fiume o Morte!”, de Igor Bezinović (Croácia)
. “Homebound”, de Neeraj Ghaywan (Índia)
. “O Amor que Resta”, de Hlynur Pálmason (Islândia)
. “Um Mundo Triste e Belo”, de Cyril Ayris (Líbano)
. “Palestina 36”, de Annemarie Jacir (Palestina)
. “Águias da República”, de Tarik Saleh (Suécia)
. “Cause of Death: Unknown” (Ali Zarnegar (Irã)
. “A Sombra do meu Pai”, de Akinola Davies Jr (Reino Unido.)
. “The Wolves Always Come at Night”, de Gabrielle Brady (Austrália)
. “The Things You Kill”, de Alireza Khatami (Canadá)
. “Sanatorium”, de Gar O’Rourke (Irlanda)
. “Família”, de Francesco Costabile (Itália)
. “Kokuho”, de Lee Sang-il (Japão)
. “Dead to Rights”, de Shen Ao (China)
. “O Amor que Resta”, de Hlynur Pálmason (Islândia)
. “Homebound”, de Neeraj Ghaywan (Índia)
. “One of Those Days When Hemme Dies”, de Murat Fıratoğlu (Turquia)
. “Um Mundo Triste e Belo”, de Cyril Aris (Líbano)
. “Arcadia”, de Yorgos Zois (Grécia)
. “Belén”, de Dolores Fonzi (Argentina)
. “No nos Moveran”, de Pierre Saint-Martin Castellanos (México)
. “Pepe”, de Nelson Carlo de Los Santos Arias (República Dominicana)
. “O Misterioso Olhar do Flamingo”, de Diego Céspedes (Chile)
. “Um Poeta”, de Simón Mesa Soto (Colombia)
. “El Monaguillo, El Cura y ele Jardinero”, de Juan Manuel Fernández (Costa Rica)
. “Alí Primera”, de Daniel Yegres (Venezuela)
. “Chuzalongo”, de Diego Ortuño (Equador)
. “Kidnapping Inc.”, de Bruno Mourral (Haiti)
. “Querido Trópico”, de Ana Endara (Panamá)
. “Sob as Bandeiras, o Sol”, de Juanjo Pereira (Paraguai)
. “Pátria”, de Marco Panaton (Peru)
. “Agarra-me Forte” (Ana Guevara e Letícia Jorge (Uruguai)
. “Demba”, de Mamadou Dia (Senegal)
. “The Heart Is a Muscle”, de Imran Hamdulay (África do Sul)
. “Calle Málaga”, de Maryam Touzani (Marrocos)
. “Kimote”, de Hassan Mageye (Uganda)
. “Disco Afrika: A Malagasy Story”, de Luck Razanajaona (Madagascar)
. “Banzo”, de Margarida Cardoso (Portugal)
. “Franz”, de Agnieszka Holland (Polônia)
. “Traffic”, de Teodora Mihai (Romênia)
. “Peacock”, de Bernhard Wenger (Áustria)
. “Orphan”, de László Nemes (Hungria
. “I’m Not Everything I Want to Be”, de Klára Tasovská (República Tcheca)
. “Mr. Nobody Against Putin” (David Borenstein (Dinamarca)
. “Late Shift”, de Petra Volpe (Suíça)
. “Rolling Papers”, de Meel Paliale (Estônia)
. “100 Litres of Gold”, de Teemu Niki (Finlândia)
. “Luna Park”, de Florenc Pap (Albânia)
. “Dog of God”, de Lauris Ābele e Raitis Ābele (Letônia)
. “Southern Chronicles”, de Ignas Miškinis (Lituânia)
. “Breathing Underwater” , de Eric Lamhène (Luxemburgo)
. “Blum: Masters of Their Own Destiny”, de Jasmila Žbanić (Bosnia e Herzegovina)
. “Walls – Akinni Inuk”, de Sofie Rørdam e Nina Paninnguaq Skydsbjerg (Groenlândia)
. “Tarika” (Milko Lazarov (Bulgária)
. “My Armenian Phantom”, de (Tamara Stepanyan (Armênia)
. “Magellan”, de Lav Diaz (Filipinas)
. “Taghiyev: Oil”, de Zaur Gasimli (Azerbaijão)
. “A House Named Shahana” (Leesa Gazi (Bangladesh)
. “I, the Song”, de Dechen Roder (Butão)
. “Tenement”, de Inrasothythep Neth e Sokyou Chea (Cambodja)
. “Panopticon”, de George Sikharulidz (Geórgia)
. “The Last Dance” (Anselm Chan (Hong Kong)
. “Sore: Wife from the Future” , de Yandy Laurens (Indonésia)
. “The Sea”, de Shai Carmeli-Pollak (Israel)
. “All That’s Left of You”, de Cherien Dabis (Jordânia)
. “Hijra”, de Shahad Ameen (Arábia Saudita)
. “Cadet”, de Adilkhan Yerzhanov (Casaquistão)
. “Black Red Yellow”, de Aktan Arym Kubat (Quirguistão)
. “Silent City Driver”, de Janchivdorj Sengedorj (Mongólia)
. “The Tower of Strength”, de Nikola Vukčević (Montenegro)
. “Anjila”, de Milan Chams (Nepal)
. “Reedland”, de Sven Bresser (Holanda)
. “2000 Meters to Andriivka”, de Mstyslav Chernov (Ucrânia)
. “The Tale of Silyan”, de Tamara Kotevska (Macedônia do Norte)
. “Papa Buka”, de Bijukumar Damodaran (Papua Nova Guiné)
. “Sun Never Again”, de David Jovanović (Sérvia)
. “Stranger Eyes”, de Yeo Siew Hua (Singapura)
. “Father”, de Tereza Nvotová (Eslováquia)
. “Little Trouble Girls, de Urška Djukić (Eslovênia)
. “Red Rain”, de Đặng Thái Huyền (Vietnã)
. “Black Rabbit, White Rabbit”, de Shahram Mokri (Tajiquistão)
. “A Useful Ghost”, de Ratchapoom Boonbunchachoke (Tailândia)


Fonte: https://revistadecinema.com.br/2025/10/seis-favoritos-ao-oscar-de-melhor-filme-internacional-reafirmam-hegemonia-europeia-e-forca-brasileira/

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