Análise: Doca solto pressiona governo do Rio de Janeiro

A megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, que mobilizou cerca de 2.500 agentes e resultou em 117 mortes, não conseguiu capturar seu principal alvo. Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontado como liderança do Comando Vermelho no Complexo da Penha e alvo de 26 mandados de prisão, permanece foragido. Segundo análise de Pedro Venceslau, no Agora CNN, com Doca solto, a pressão sobre o governo do Rio aumenta.

A operação, planejada durante um ano, teve como objetivo conter a expansão territorial do grupo criminoso, que vinha ocupando áreas controladas por milícias e pelo Terceiro Comando Puro. Durante a ação, foram apreendidos mais de 100 fuzis, e várias pessoas com antecedentes criminais foram detidas.

Estratégia e resultados

A polícia utilizou a tática denominada “Muro do Bope”, que consistiu em encurralar os suspeitos pela mata até uma emboscada. “No entanto, além de Doca, outros integrantes importantes da hierarquia do grupo criminoso também não foram capturados, como Pedro Paulo Guedes, conhecido como Pedro Bala, responsável pela logística, e Carlos Costa Neves, o Gardenal, encarregado da segurança”, relembra o analista.

Um ponto que chamou atenção foi a diferença entre as vestimentas dos suspeitos durante e após a operação. Imagens aéreas mostraram homens com roupas de camuflagem, aparentemente treinados para se esconderem na mata. Posteriormente, quando corpos foram encontrados nas ruas, estavam com trajes diferentes, gerando questionamentos que serão investigados.

“Especialistas em segurança pública apontam que, diferentemente da operação realizada em 2010, quando o objetivo era ocupar o território e instalar unidades policiais, desta vez a meta era desarticular a cúpula do grupo criminoso. Contudo, após a ação, as forças de segurança se retiraram da região, que continua sem delegacias, apesar de abrigar mais de 300 mil moradores”, conclui Pedro.