MT tem mais de 140 cavernas e a maior delas está em Curvelândia

Em Mato Grosso, há mais de 140 cavernas, o que representa 1,7% da quantidade total de todo o Brasil. A maioria delas não é aberta ao turismo regular para evitar riscos aos visitantes e aos próprios pontos. Atualmente, estão catalogadas 6.073 grutas por todas as regiões brasileiras.
 
No Dia Internacional do Meio Ambiente, neste sábado (5), a conscientização para a preservação desses recursos naturais é um dos grandes assuntos debatidos nos congressos internacionais.
A maior caverna
 
Em Curvelândia está a maior caverna de Mato Grosso: a Gruta do Jabuti, que em 2014 se tornou Patrimônio Histórico e Artístico Estadual.
 
Atualmente, o acesso à caverna é restrito a visitantes comuns, sendo liberado somente a pesquisadores, estudantes universitários em aulas de campo e, em alguns casos, autoridades.
 
Na entrada da caverna encontra-se um enorme salão de três metros de altitude, que dá acesso aos demais espaços, dentre outros salões, salas, fendas e um poço, formando um verdadeiro labirinto, que proporciona um impressionante passeio. A caverna tem 4 km de extensão.
 
A prefeitura do município tem interesse de abrir para o turismo, mas esses patrimônios exigem o cumprimento da legislação para regularizar e poder ser utilizadas.
 
Na Caverna do Jabuti há uma grande diversidade de espeleotemas, que são as estalagmites, estalactites, que são as rochas no interior, com tetos e paredes rochosas de várias cores, variando do calcário branco mais puro ao marrom ferruginoso. Também nas paredes existe uma rica morfologia formada de flores de aragonita, cristais de quartzo, dolomitos (cristais), seixos de quartzo, estromatólitos e fragmentos de calcedônia.
 
De acordo com dados do Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil, Mato Grosso está em 11° lugar no ranking de estados com o maior número de cavernas no país. O município do estado onde se encontra a maior quantia desses recursos é Rosário Oeste, com 54 cavernas.
 
Turismo
 
Mato Grosso possui muitas cavernas famosas por suas belezas naturais se tornando regiões muito visitadas pelos turistas. Elas possuem alto valor científico devido à história dos indígenas nos locais, a paleologia, onde são encontrados fósseis e registros geológicos com bastante vestígio de animais específicos que vivem em cavernas.
 
O complexo de cavernas Aore Jari que fica a 40 km de Chapada dos Guimarães, é o mais visitado além de ter uma organização e atenção pela preservação do recurso natural. Na trilha o circuito passa por três cavernas e uma gruta. A primeira é a Caverna Aroe Eiari que é a maior caverna de arenito do país.
 
Na fazenda onde fica o complexo possui um restaurante e transporte para levar os turistas na trilha das cavernas. Só é possível entrar com guias de turismo e condutores que indicam as belezas do lugar. A região é muito visitada em feriados de final de ano e carnaval.
 
Em Nobres, as cavernas mais visitada é a Duto do Quebó, onde vários turistas fazem boia cross no local. A caverna fica localizada na Vila Bom Jardim onde possui em torno de 14 comunidades que vivem na região.
 
Há também o Parque Estadual da Lagoa Azul, onde fica a caverna Lagoa Azul, mas está interditada há quase 20 anos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), devido às degradações do local.
 
A Lagoa Azul é denominada por rochas e uma lagoa de água cristalina. Segundo pesquisadores, a lagoa surgiu quando o lençol subterrâneo de água aflorou no local. A cor azul predominante na água envolve uma série de elementos, entre eles carbonato de cálcio e magnésio.
 
O Sesc Serra Azul tem uma área voltada para o turismo ecológico, onde eles fazem o plano de manejo, que é um conjunto de estudos que regularizam e protegem as cavernas das ações das visitações recorrentes e também para a segurança dos turistas.
 
A Dolina da Água Milagrosa em Cáceres, é uma caverna submersa onde a entrada é formada através de um abatimento do solo, ali o lençol freático está perto do solo e proporciona o mergulho, mas também pode acontecer muitos acidentes.
 
Para chegar à Dolina, é necessário percorrer uma trilha de aproximadamente 850 metros, além de descer uma escadaria com mais de 150 degraus. Após a escada de madeira, uma escadaria natural no solo. Em virtude disso, há uma corda instalada no local a fim de auxiliar na descida.
 
Ano Internacional das Cavernas e do Carste
 
2021 é o Ano Internacional das Cavernas e do Carste (AICC). A data é uma iniciativa da União Internacional de Espeleologia (UIS), que fica na cidade de Postojna, na Eslovênia. Normalmente é realizado um congresso para a conscientizar e ensinar sobre esses recursos naturais importantes, já que cobrem cerca de 20% da superfície terrestre do planeta.
 
A UIS é composta por 55 países membros, inclusive o Brasil. Mais de 100 organizações nacionais e internacionais são parceiras da UIS no Ano Internacional criando oportunidades educacionais para aumentar o conhecimento global sobre cavernas e carste.
 
Cavernas e Carste também são altamente vulneráveis ​​à poluição, uso excessivo, destruição e gerenciamento incorreto porque são muitas vezes escondidos no subsolo.
 
O lema do ano internacional é ‘Explore, Proteja e Conheça’.
 
Além da UIS, há o Congresso Brasileiro de Espeleologia que acontece de dois em dois anos e é composto por mais de 30 grupos de espeleologia do Brasil. Devido a pandemia, o evento aconteceria neste ano em Brasília, mas foi adiado para o ano que vem.
 
Desde 2019, o estado conta com o Instituto Mato-Grossense de Espeleologia (Imesp). O primeiro mapa de cavernas no Brasil foi feito em Mato Grosso, no Vale de São Domingos.
 
A bióloga e espeleóloga, Natally Carvalho Neves Linhares, conta que as cavernas possuem muitas riquezas e são muito importantes para o planeta e para os seres humanos.
 
“O Brasil possui muitas cavernas que tem essas riquezas como a água. A caverna também traz a história do homem, o passado da Terra como os fósseis e a atividade econômica como o turismo. Trazer para as pessoas a consciência de que é importante preservar esse local”, afirma.
 
Regularização e plano de manejo
 
Ainda de acordo com a espeleóloga, as cavernas precisam de planos de manejo para que sejam regularizadas para turismo e que em Mato Grosso não há nenhuma regular. A conservação das cavernas no estado são muito precárias e as que são muito visitadas não possuem um plano de manejo.
 
“Nenhuma caverna em Mato Grosso está regularizada para o turismo. Muitos empreendimentos como hidrelétricas, estradas, ferrovias, mineração, tem cavernas em suas áreas e a gente não vê tanta cobrança dos órgãos ambientais”, afirma.
 
O plano de manejo é um conjunto de estudos que devem ser feitos proporcionando o turismo para preservar o ambiente e os turistas. Nas cavernas podem ter estruturas que podem estar frágeis e até mesmo inalar fungos. A conservação das cavernas é da responsabilidade do órgão ambiental para exigir os estudos.
 
O complexo de cavernas Aore Jari é um local que tem potencial de gerar empregos, mas, se não houver a condução correta, pode causar acidentes aos turistas.
 
“Tem fungos que podem trazer a óbito e cada dia que passa tem mais pessoas indo e pisando em vidas que só tem em cavernas, além de ter muitas cavernas quebradas também”, afirma.
 
O Centro Nacional de Estudo e Pesquisa Nacional (CECAV) é um órgão que auxilia órgãos públicos, municipais. em relação a esses planos de manejo. Antigamente, a responsabilidade dessas cavernas era do IBAMA que interditou várias cavernas por falta de regularização e em 2006, quando passou para a Sema, não é dado a atenção necessária para conservar esses recursos.
 
Além disso, há um número limitado de guias turísticos, que podem evitar ações que degradem as cavernas, mas o fluxo grande pessoas tira o alimento de animais que vivem nesses ambientes.
 
“As vidas de cavernas são mais insetos e fungos, tem um inseto que só vive em cavernas, os troglóbios. Então não tem fiscalização, não tem cuidado”, afirma.

Fonte: Caroline Mesquita, G1 MT

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