Custo do frete dispara e pode prejudicar esforço para conter preço dos alimentos

O avanço da colheita da soja tem influenciado os preços praticados no mercado de serviço de transporte de grãos nas principais rotas pesquisadas pela Companhia Nacional de Abastecimento(Conab). A análise consta na edição de fevereiro do Boletim Logístico da companhia. Por causa da alta demanda por caminhões para escoamento da safra de soja aos portos brasileiros, a alta no preço do frete poderá pressionar ainda mais o preço dos alimentos, que tem sido o calcanhar de aquiles do governo federal para combater a alta da inflação.
A produção da oleaginosa em Mato Grosso e em outros estados produtores tende a gerar pressão na oferta de caminhões para o transporte dos grãos, o que influencia em uma alta nos serviços de frete. Em Mato Grosso do Sul, cujas principais rotas de escoamento são pelos portos de Santos e Paranaguá, a variação no frete verificado pela Conab é de até 50%, dependendo da região de origem.Na avaliação distribuída pela Conab, o aumento dos fretes neste início de ano é um movimento esperado, uma vez que é o período do início da colheita da soja. Aliado a isso, foi registrada alta nos preços dos combustíveis, parte importante dos custos de transporte, o que traz uma perspectiva de que os fretes sigam subindo para esses primeiros meses do ano.Nos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Distrito Federal, o fluxo logístico com o transporte de grãos apresentou alta na demanda, pressionando as cotações praticadas nas principais rotas pesquisadas pela Conab.Na semana passada, alguns analistas chegaram a afirmar que as medidas do governo federal, de isentar produtos da cesta básica e alimentos como milho e as carnes bovina e suína do imposto de importações, poderia gerar efeito limitado ou quase nulo no preço final dos alimentos.
Um dos pontos levados em questão é a alta no preço do frete, que nesta época do ano ocupa boa parte da frota brasileira de caminhões para levar grãos aos portos, o que reduz a oferta de caminhões para transportes no mercado interno. Na semana passada, uma empresa, a Padrão Transporte e Logística, que atua nas regiões Sudeste e Nordeste, chegou a suspender entregas para a Conab, por não encontrar caminhões disponíveis, resultado da alta demanda e do aumento no preço do frete. PRINCIPAIS VARIAÇÕESEntre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, o preço de fretes praticados do município de Aral Moreira ao Porto de Paranaguá variou 37%.
Para o mesmo destino, mas partindo de Caarapó, a variação foi de 50%. De São Gabriel do Oeste ao Porto de Santos, o frete variou 10% no período, mas partindo de Ponta Porã para o mesmo destino, a variação foi de 40%.Do município de Dourados para o Porto de Rio Grande (RS), o frete variou 33%. Se o destino é Maringá ou Paranaguá (PR), a variação de dezembro de 2024 para janeiro deste ano é de 36% e 37%, respectivamente.Segundo levantamento realizado pela Granos Corretora, até o dia 28 do mês passado, o Mato Grosso do Sul já havia comercializado 43,5% da soja proveniente da safra 2024-2025.O Estado fechou fevereiro com a colheita de 50,5% da área plantada de soja, o equivalente a 2,273 milhões de hectares.
Mato Grosso do Sul plantou 4,501 milhões de hectares com o grão. Entre os dias 14/2 e 21/3 deve ocorrer o pico da colheita, quando 86% da soja deve ser colhida. Segundo informações da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), a colheita deve continuar até o dia 18 de abril.EXPORTAÇÕESOs embarques de soja de Mato Grosso do Sul com destino ao mercado internacional em janeiro deste ano foram de 40,6 mil toneladas, contra 283 mil toneladas em igual período do ano passado, segundo a Conab.
Já os embarques de milho do Estado em janeiro deste ano foram de 60,4 mil toneladas, contra 445,6 mil toneladas em janeiro do ano passado.Segundo a Carta de Conjuntura de dezembro do ano passado da Secretaria de Estado Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), no quesito de portos utilizados para a exportação por Mato Grosso do Sul, o Porto de Santos é a principal saída dos produtos enviados em 2024, representando 36,6% do total exportado pelo Estado. Em seguida aparece o Porto de Paranaguá, com uma participação de 36,2%.Assine o Correio do Estado.
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