Mais de 60 espécies da fauna sul-mato-grossense estão em risco de extinção

Mato Grosso do Sul concentra uma rica diversidade de espécies distribuídas entre três grandes biomas, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, mas vive hoje um grave alerta ambiental. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mais de 60 espécies da fauna sul-mato-grossense estão ameaçadas de extinção. Os dados integram o Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE) e seguem critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), amplamente reconhecidos internacionalmente.
O método da UICN, adotado por diversos países, combina informações sobre tamanho populacional, grau de fragmentação, declínio da população, área de distribuição, ameaças e ações de conservação para determinar o risco de extinção. As espécies são classificadas em dez categorias, sendo as principais: Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável (VU) e Regionalmente Extinta (RE). Entenda a distribuição na tabela abaixo.
Arara-azul-pequena desapareceu – Entre os casos mais emblemáticos está o da arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), considerada regionalmente extinta (RE) na Mata Atlântica de Mato Grosso do Sul. A espécie, que já havia desaparecido do território nacional, não possui registros confiáveis no Brasil há décadas e não há indícios de que possa se recuperar a partir de populações em países vizinhos. “É altamente improvável que qualquer população remanescente no Brasil tenha passado despercebida até agora e não há nenhuma dúvida razoável quanto à inexistência de indivíduos neste país.
Além disso, as chances de uma recolonização a partir de territórios vizinhos é virtualmente nula”, aponta o relatório. Confira a lista completa abaixo. Bioma ameaçado – O Cerrado é o bioma com maior número de espécies ameaçadas em Mato Grosso do Sul.
A pressão por desmatamento, queimadas e avanço da agropecuária são os principais fatores de impacto. Peixes, aves, mamíferos, invertebrados e répteis que vivem nesse ambiente estão desaparecendo rapidamente. A piracanjuba (Brycon orbignyanus), por exemplo, é um peixe criticamente ameaçado que perdeu cerca de 90% de sua área de ocorrência original, em razão da construção de barragens, poluição e desmatamento.
Aves – Das mais de 60 espécies ameaçadas em Mato Grosso do Sul, as aves representam o maior número. A bióloga e pesquisadora do Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, Maristela Benites, explica o porquê. “Acontece que a classe de aves, além de ser um grupo com muitas espécies, maior que o de mamíferos, por exemplo, é também o grupo mais estudado.
Mas é claro que a ameaça é alta. Inclusive, o país é o 3o em número de espécies de aves no mundo, mas o 1o em número de espécies ameaçadas”, destaca. Exemplos emblemáticos são o bicudo (Sporophila maximiliani), que sofre com o tráfico para o comércio ilegal e já pode estar à beira da extinção na natureza, e o tiê-bicudo (Conothraupis mesoleuca), que tem menos de 2.500 indivíduos adultos distribuídos em poucas subpopulações isoladas.
Destaques entre as espécies ameaçadas Girardia multidiverticulata (CR) : invertebrado aquático que vive apenas em uma caverna na Serra da Bodoquena, ameaçado por uso de agrotóxicos e mineração. Ortalis remota (CR) : ave rara conhecida como aracuã, com população estimada em menos de 250 indivíduos adultos. Jacutinga (Aburria jacutinga – EN) : desapareceu de várias regiões e está restrita a áreas de floresta montanhosa no Brasil.
Peixe-anual (Austrolebias ephemerus – EN) : endêmico do Pantanal, já perdeu parte de suas áreas de reprodução por aterramento de lagoas. Cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus – VU) : mamífero raro e sensível à fragmentação, doenças e atropelamentos. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats.
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