Marcha pela Vida reúne 2.000 participantes contra o aborto nas ruas de Zurique

Em 2023, a Suíça registrou um número recorde de abortos, com 12.045 interrupções de gravidez, segundo dados oficiais divulgados em julho de 2024.

Esse total representa um aumento de mais de 600 casos em relação a 2022, sendo o maior número de abortos já registrado na história do país.

Diante desse cenário, o debate sobre o valor da vida ganhou força levando milhares de pessoas às ruas.

 

 

 

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Em 20 de setembro, ativistas pró-vida se reuniram em Zurique para participar da 15ª Marcha pela Vida.

Cerca de 2.000 pessoas de diferentes nacionalidades se encontraram na praça do mercado Oerlikon, na tarde de sábado.

Logo no início do evento, um grupo de cinco brasileiros que estava visitando a Suíça apresentou sua comunidade, formada por pessoas com deficiência – algumas delas com sequelas causadas por tentativas de aborto – como testemunho do valor da vida e da inclusão.

A relevância da medicina pré-natal, especialmente em casos envolvendo deficiência, foi abordada pelo professor Josef Wisser.

^{Palco da Marcha Pela Vida. (Foto: Marcha pela Vida)}

Ginecologista e especialista em medicina fetal, Wisser atua há quase 50 anos em Zurique, dedicando-se à prática e à terapia pré-natal.

Em entrevista, ele alertou para os riscos éticos e humanos quando essa especialidade médica é utilizada como justificativa para a realização de abortos.

Sobrevivendo ao aborto tardio

Outro momento marcante do encontro foi a participação da americana Gianna Jessen, sobrevivente de um aborto tardio.

Em seu testemunho, ela declarou: “Eu deveria estar morta, mas não estou!”

Os médicos previram que ela jamais conseguiria sentar, falar ou andar, devido às sequelas causadas pela tentativa de aborto. No entanto, sua determinação e vontade de viver superaram todas as expectativas.

Hoje, aos 48 anos, Gianna percorre o mundo compartilhando sua história e defendendo o direito à vida de crianças e mães grávidas.

Durante sua fala, ela fez um apelo direto aos homens presentes: “É importante que vocês, homens, dediquem suas vidas às suas esposas e filhos!”

E aos ativistas pró-aborto, ela declarou: “Eu não sou sua inimiga, eu amo vocês”.

Crianças e sentido da vida

O encontro também contou com uma declaração política de Thomas Stettler, membro do Conselho Nacional Suíço pelo Partido Popular, representando a região do Jura.

Em seu discurso, ele questionou: “Quanto vale a vida?” Como pai de seis filhos, compartilhou sua experiência pessoal: “As crianças trazem alegria, também trazem desafios, mas, acima de tudo, dão sentido à vida.”

Como agricultor, Stettler demonstrou preocupação com as contradições entre o cuidado com os animais e o valor atribuído à vida humana.

^{Materiais de conscientização sobre aborto. (Foto: Marcha pela Vida)}

“Protegemos mais um pintinho dentro do ovo do que um feto no ventre da mãe”, afirmou o parlamentar.

Em sua fala, ele reforçou a necessidade de uma mudança de postura na sociedade suíça: “Precisamos dizer sim às crianças, sim às mulheres em situação de vulnerabilidade, sim às famílias e sim ao futuro.”

A presidente da marcha, Beatrice Gall, abriu o evento destacando duas iniciativas políticas importantes: uma petição lançada pela própria organização da marcha e uma moção que será apresentada ao Parlamento na próxima semana pelos parlamentares Erich Vontobel e Andreas Gafner, do partido EDU (Evangélicos Conservadores).

A proposta conta com o apoio de representantes de diversos partidos, reforçando o caráter plural da ação.

Ambas as iniciativas têm como foco o chamado “Pacote de Contenção de Custos 2”, aprovado pelo Parlamento Suíço.

Esse pacote inclui a cobertura total dos custos de aborto pelas seguradoras de saúde – o que, na prática, significa que os procedimentos são financiados pelos próprios contribuintes por meio dos prêmios pagos aos planos.

De acordo com as demandas de ambas as ações, esse financiamento, que foi introduzido clandestinamente sob o pretexto de “contenção de custos”, deve ser anulado.

Marcha por Zurique-Oerlikon

A marcha pelas ruas de Oerlikon aconteceu em clima festivo, sob um sol radiante e ao som contagiante de uma banda de samba.

Apesar da forte presença policial, necessária devido a tentativas de interrupção por parte de opositores tanto durante o percurso quanto na praça, o evento transcorreu com segurança graças à atuação eficaz das autoridades.

O evento foi acompanhado pela banda de adoração ‘White Cane’, ligada à Igreja Reformada de Bauma, cuja música gerou bastante entusiasmo entre os participantes.

O bispo auxiliar Eleganti, companheiro de marcha por muitos anos, pregou uma breve mensagem no palco.

Ao final, um jovem participante resumiu o sentimento coletivo ao dizer: “Foi uma marcha muito especial este ano.”