Para aliados, ato de Glauber Braga aumenta chance de cassação

Aliados do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) acreditam que o episódio protagonizado por ele na Câmara dos Deputados, na última terça-feira (9), quando tomou a cadeira do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), aumentou significativamente as chances de seu mandato ser cassado. De acordo com apuração do analista Pedro Venceslau, no CNN 360°, deputados de esquerda, não apenas do PSOL, mas também do PT, PCdoB e PSB, já avaliavam que as possibilidades de Glauber Braga escapar da cassação eram remotas por causa de uma confusão que aconteceu em 2024. A situação ficou ainda mais complicada após o novo tumulto.

Após encerrar uma greve de fome, o parlamentar havia ganhado um período de 60 dias para se estruturar e preparar sua defesa. Segundo Venceslau, muitos esperavam que ele aproveitasse esse tempo para fazer “política com P maiúsculo”, abrindo canais de diálogo com parlamentares de outros campos políticos, incluindo o centrão e até mesmo a direita. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), por exemplo, demonstrava simpatia pela tese de votar contra a cassação de Braga.

Radicalização em vez de conciliação

No entanto, em vez de buscar apoio político amplo, o deputado do PSOL optou por radicalizar suas posições. Durante esse período, ele se lançou como pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, uma candidatura que ainda não está pacificada dentro do próprio partido.

O episódio em que Glauber Braga ocupou a cadeira do presidente da Câmara e se recusou a sair, resultando em sua retirada à força pela polícia legislativa, foi considerado um erro político por aliados. A situação gerou protestos pela forma como foi conduzida, com críticas ao corte do sinal da TV Câmara e à retirada de jornalistas do local, mas não diminuiu a percepção de que o deputado “esticou demais a corda”.

Agora, além da possível perda do mandato, discute-se se Glauber Braga também perderá seus direitos políticos por oito anos, o que inviabilizaria sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro. Há um debate sobre a possibilidade de cassação do mandato sem a perda dos direitos políticos, o que aliados e o próprio Palácio do Planalto tentam articular como uma “redução de danos”.