Primeiro longa de Ursula Rösele, “Abre Alas”, estreia nos cinemas
Foto © Nathalia Gomes
“Abre Alas”, primeiro longa-metragem de Ursula Rösele, estreia no dia 11 de dezembro nos cinemas. Produzido pela Sanar Produções e distribuído pela Embaúba Filmes, o documentário propõe dar voz à sete mulheres, entre 53 e 85 anos, para que elas contem as histórias de suas vidas.
Utilizando diferentes versões de um mesmo cenário, repleto de espelhos que mostram as diversas facetas dessas mulheres, elas discorrem acerca dos momentos felizes e tristes de suas vidas, refletem sobre suas escolhas e compartilham confissões. De diferentes origens socioeconômicas, todas dividem vivências e traumas semelhantes às de suas colegas.
Walkiria, a primeira personagem, é uma mulher trans nascida e criada no interior. Trabalhando na lavoura desde pequena, ela se viu obrigada a seguir um papel masculino até conquistar sua liberdade e sair de casa. Entretanto, isso não a isentou de sofrer violências e ouvir comentários preconceituosos de outras pessoas, incluindo familiares.
Já Lorena, outra personagem que se identifica como uma mulher trans, teve a oportunidade de viver sua identidade desde cedo, graças ao apoio de sua amorosa família. Mas as dificuldades financeiras que assolam a população brasileira a levaram à prostituição, ainda jovem. Ela não tem vergonha de seu passado, e é altamente respeitada na comunidade que ajudou a construir e onde vive até hoje.
Com nove irmãos e um pai que era trabalhador informal, Silvana viveu uma infância e adolescência financeira complicada. Na sua adolescência começou a trabalhar como empregada doméstica.
Sem perceber, Dora se viu seguindo os passos da mãe, que constantemente sofria violência nas mãos do marido. As agressões físicas e verbais, o abandono e a falta de afeto marcaram seu casamento. Entre cuidar da casa, dos filhos e seu trabalho formal, iam-se 20 horas de seu dia. Seu marido a traía abertamente, e a considerava fraca.
Desde cedo Regina sofreu maus-tratos dos pais adotivos. Já mais velha, recebeu um diagnóstico de câncer terminal, e ia se tratar apenas de forma paliativa. Tudo mudou quando o tumor regrediu, e sua nova vida começou. Hoje, livre, Regina celebra os prazeres da vida.
Sheila viveu uma tragédia familiar que mudou completamente sua rotina e, desde então, transformou a dor em força, acreditando que toda mulher tem dentro de si a capacidade de lutar e seguir em frente.
Heloísa, por fim, enfrenta a dor da perda de uma filha para a depressão e reflete sobre o peso de ter que ser sempre forte, reconhecendo que essa exigência constante também a afastou dos momentos de presença como mãe.
Com olhar atento, Rösele, doutora em Cinema pela UFMG e pesquisadora da performance documental, constrói um filme que se equilibra entre o real e o simbólico.
“Abre Alas” foi premiado com o Melhor Destaque Feminino, no Femina 2025 – Festival Internacional de Cinema Feminino.
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