Eleições, economia e preço do boi gordo: as preocupações da ABCZ para 2026

O agronegócio precisa de lideranças que não apenas defendam, mas entendam a importância do setor. “É a grande vocação do país”, afirma Gabriel Garcia Cid, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). A avaliação ocorre antes da mudança de comando na entidade, que elegeu no fim de novembro a diretoria para o triênio 2026–2028.
Em entrevista ao Canal Rural, Cid falou das expectativas do agro com as eleições do ano que vem e comentou o momento da pecuária brasileira. Ele também fez um balanço da sua gestão à frente da ABCZ. “Foram três anos importantes, de bastante trabalho, crescimento financeiro e saúde da entidade”, resume.
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Comunicação e relacionamento com os associados
Segundo o presidente da ABCZ, um dos principais avanços do período foi a mudança na relação com os associados. Nesse sentido, ele cita a prestação de contas, que passou a ser semanal e a contar com relatórios trimestrais. “Conseguimos entregar uma evolução nesse relacionamento com os pecuaristas”, afirma.
Cid também destaca o fortalecimento da comunicação institucional. Desde 2024, a entidade mantém dois minutos diários de espaço no Canal Rural com o quadro ABCZ Notícias. “Essa parte da comunicação teve uma evolução muito importante na nossa gestão”, diz.
Crescimento nos registros, feiras e melhoramento genético
A entidade também registrou avanço nos registros genealógicos. Até novembro, o crescimento foi de 4,5% em relação ao triênio anterior. O número final, entretanto, ainda depende do fechamento de dezembro.
As principais feiras promovidas pela associação, como Expozebu, Expogenética e ExpoLeite, também cresceram. O aumento foi observado tanto no número de animais quanto no faturamento dos leilões. Na ExpoLeite de 2025, a comercialização ultrapassou R$ 200 milhões.
Outro destaque foi o desempenho do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), com crescimento de 28% no número de criadores participantes nos últimos três anos.
Eleições e cenário econômico no radar
Se por um lado a atual gestão foi marcada por avanços financeiros e no mercado de genética, as atenções se voltam para os desafios que cercam as eleições do ano que vem. “O importante para a ABCZ, que é uma entidade de classe, é entender que nós temos associados que votam em todos os candidatos”, esclarece Cid.
Ele também reforça que o candidato que for eleito precisa ter um olhar diferenciado para o setor. Em 2025, a expectativa é que o agronegócio represente 29,7% do PIB brasileiro, conforme estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Na avaliação de Cid, o agro é a vocação do Brasil. “Precisamos de lideranças, seja em Brasília ou nos estados, que entendam a importância do setor”, afirma. O presidente da ABCZ também defende que é preciso dialogar independentemente da ideologia de quem está do outro lado da mesa.
“Claro que existe preocupação com a economia, com a estabilidade política e jurídica. Mas, no nosso caso, independentemente de quem ganhar, a nossa cobrança será sempre por respeito e valorização do agro, que é a vocação do país”, completa.
Outros pontos de atenção para 2026
Um dos destaques da pecuária é o desempenho das exportações de carne bovina, que apesar das restrições impostas pelos Estados Unidos, atingiram recordes antes mesmo de 2025 acabar. Em novembro, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), foram embarcadas 356 mil toneladas da proteína, uma alta de 36,5% na comparação com o mesmo mês de 2024.
Para Cid, no entanto, a abertura de novos mercados é uma estratégia contínua do setor nos próximos anos. “Hoje o Brasil é líder de exportação de carne. Em um ano e meio vamos ser líderes também na produção, ultrapassando os EUA. A China é importante, mas não pode representar a maior fatia do nosso mercado”, diz.
Em termos de produção e preços, o cenário é de otimismo. Isso porque a entidade vê uma retomada do ciclo de alta da arroba do boi gordo após três anos de baixa. O desafio, porém, está em equilibrar a valorização da arroba com os custos, que segundo o presidente da ABCZ, sobem todos os anos.
“Claro que torcemos pelos R$ 360 ou pelos R$ 400. Mas isso não significa que, quando o preço está alto, o pecuarista está ‘rachando de ganhar dinheiro’. Muitas vezes, está apenas recuperando prejuízos de anos anteriores”, aponta Cid.
‘É preciso eficiência no processo’
O Brasil nunca exportou tanta carne bovina quanto neste ano. Além disso, o país superou os Estados Unidos e se tornou o maior produtor da proteína do mundo. De acordo com o Departamento de Agricultura daquele país (USDA, na sigla em inglês), o Brasil produziu 12,35 milhões de toneladas em 2025, contra 11,81 milhões de toneladas produzidas em solo norte-americano.
Os números surpreendem, mas segundo Cid, também constatam que o pecuarista brasileiro é o que mais investe em tecnologia. “Com a incerteza de preços e ciclos, é preciso ser eficiente no processo”, afirma. Ele também aponta que poucos países têm a capacidade de produzir como o Brasil, que conta com terminação em confinamento, mas também possui boa parte do rebanho a pasto.
“Controlar custo não é só reduzir despesas: é investir em boa genética, bom manejo, evitar desperdícios e ser eficiente na produção para reduzir custos. A conscientização é essa”, finaliza.
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