‘Relógio do colapso’ mostra como a órbita da Terra está perigosamente frágil

‘Relógio do colapso’ mostra como a órbita da Terra está perigosamente frágil

Satélites podem começar a colidir em questão de dias se perderem a capacidade de desviar uns dos outros. Esse é o alerta central de um estudo recente que analisou o risco de colisões em órbita baixa da Terra num cenário extremo, como o provocado por uma forte tempestade solar.

O trabalho propõe um indicador chamado Crash Clock, “relógio” que mede quanto tempo o ambiente orbital levaria para registrar a primeira colisão catastrófica caso manobras de evasão deixem de funcionar. 

O resultado chama atenção: hoje, esse intervalo médio é de 2,8 dias, sinal claro de que o espaço ao redor da Terra se tornou muito mais frágil do que era poucos anos atrás.

Vale explicar: o estudo ainda está em fase de preprint (foi publicado no repositório científico arXiv e ainda não passou por revisão por pares, etapa na qual outros especialistas avaliam e validam os resultados). 

Mesmo assim, os próprios autores destacam que o estudo levanta questões urgentes sobre a sustentabilidade do uso do espaço, especialmente diante da explosão no número de satélites em órbita.

Um ‘relógio do colapso’ para medir o risco de colisões no espaço

O Crash Clock foi criado para responder a uma pergunta direta: quanto tempo levaria para ocorrer uma colisão séria se, por algum motivo, os satélites parassem de se desviar uns dos outros? Para isso, os pesquisadores usaram catálogos com todos os objetos conhecidos em órbita (de satélites ativos a detritos espaciais) e rodaram simulações que ignoram qualquer tentativa de evitar impactos.

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Crash Clock foi criado para medir quanto tempo levaria para ocorrer uma colisão séria se, por algum motivo, os satélites parassem de se desviar uns dos outros (Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)

A lógica é simples, mas o resultado é inquietante. Ao calcular a taxa média de colisões em diferentes regiões da órbita baixa da Terra, o estudo chegou a um valor atual de 2,8 dias até o primeiro choque grave. Não se trata de uma previsão exata, mas de uma expectativa estatística: em média, esse seria o tempo necessário para que algo desse errado num cenário sem manobras de evasão.

Esse número fica ainda mais impressionante quando comparado ao passado recente. Em 2018, antes da expansão acelerada das megaconstelações de satélites, o mesmo indicador apontava cerca de 121 dias até a primeira colisão. Ou seja: em poucos anos, a margem de segurança encolheu de meses para menos de uma semana.

Para os autores, o recado é claro. Um CRASH Clock tão curto mostra o quanto o sistema atual depende de operações praticamente perfeitas. Se tudo funciona o tempo todo, o risco é contido. Mas basta uma falha ampla (técnica ou ambiental) para que o relógio comece a correr.

Tempestades solares e megaconstelações tornam órbita da Terra um ‘castelo de cartas’

Um dos gatilhos mais preocupantes para esse cenário são as tempestades solares. Quando o Sol lança grandes quantidades de plasma em direção à Terra, a atmosfera superior se expande. Com isso, satélites em órbita baixa sofrem mais arrasto, desaceleram e passam a ter trajetórias muito mais difíceis de prever.

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Pesquisa alerta que a órbita da Terra hoje funciona como um verdadeiro castelo de cartas (Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)

Esse não é um risco teórico. Eventos desse tipo já fizeram operadores perderem temporariamente a noção exata da posição de seus satélites por dias. Num ambiente menos congestionado, como o de décadas atrás, isso não levou a colisões. Hoje, com milhares de objetos cruzando o mesmo espaço, a história pode ser bem diferente.

Atualmente, há cerca de 13 mil satélites ativos e mais de 43 mil fragmentos de detritos rastreáveis orbitando o planeta, muitos deles em regiões semelhantes. Para evitar choques, operadores realizam manobras constantes. Só a Starlink, maior constelação em operação, executou dezenas de milhares de manobras de evasão em poucos meses.

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O problema é que uma única colisão pode mudar tudo. Um impacto gera milhares de novos fragmentos, que passam a ameaçar outros satélites, criando uma reação em cadeia conhecida como síndrome de Kessler. 

Para os pesquisadores, a combinação entre tráfego intenso e eventos extremos, como uma tempestade solar do porte do Evento Carrington, deixa claro que a órbita terrestre hoje funciona como um verdadeiro castelo de cartas.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/19/ciencia-e-espaco/relogio-do-colapso-mostra-como-a-orbita-da-terra-esta-perigosamente-fragil/

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