O agro não agrava o calor extremo, ele mitiga a seca

O agro não agrava o calor extremo, ele mitiga a seca
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Foto: Motion Array

Ondas de calor cada vez mais intensas voltam a colocar o agro no centro das críticas ambientais. Mas, mais uma vez, o debate escorrega para a narrativa fácil e ignora os fatos. O campo não compete com a população por água. Pelo contrário: o agro brasileiro ajuda a regular o ciclo hídrico e a reduzir os impactos da estiagem.

Calor extremo aumenta a evaporação e o risco de seca

Temperaturas elevadas aceleram a perda de umidade do solo e pressionam rios e reservatórios. O problema não é apenas quanto chove, mas como a água é absorvida, armazenada e devolvida ao ambiente.

O agro sequestra a água da chuva no solo 

Mais de 90% da água utilizada pela agropecuária brasileira vem da chuva. Essa água infiltra no solo, é retida pela matéria orgânica, pelas raízes e pela cobertura vegetal, reduzindo o escoamento superficial e ajudando a manter a umidade por mais tempo. Solo vivo funciona como esponja; solo exposto vira deserto.

A produção rural não concorre com o uso humano da água 

A legislação brasileira é clara: em situações de escassez, a prioridade é o consumo humano e o abastecimento de animais. A agricultura vem depois e depende de outorga. A ideia de que o agro “rouba” água das cidades não resiste à lei nem aos dados.

Vegetação produtiva ajuda a resfriar o ambiente 

Lavouras, pastagens bem manejadas e sistemas integrados aumentam a evapotranspiração equilibrada, reduzem ilhas de calor e melhoram o microclima. Áreas agrícolas bem conduzidas podem ser mais eficientes na regulação térmica do que solos degradados ou áreas urbanas impermeabilizadas.

O produtor é a primeira vítima da seca 

Quando falta chuva, não há produção, não há renda e não há alimento. Não faz sentido imaginar que o produtor destruiria o próprio recurso do qual depende para sobreviver.

O verdadeiro colapso hídrico começa fora do campo 

Enquanto o agro usa majoritariamente água da chuva, mais de um terço da água tratada nas cidades se perde em vazamentos. Água captada, tratada, bombeada e desperdiçada, sem debate, sem indignação e sem manchete.

Demonizar o agro em meio ao calor extremo não ajuda a enfrentar a seca. Preservar água exige solo protegido, vegetação viva, manejo correto e investimento em infraestrutura. O agro brasileiro não agrava o problema climático: ele é parte essencial da solução.

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*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


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