Organização criminosa dificulta expulsão de garimpeiros ilegais na Sararé, diz chefe do Ibama

A superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de Mato Grosso (Ibama), Cibele Madalena Xavier Ribeiro, confirmou ao Midiajur que a dificuldade de expulsão de garimpeiros ilegais na Terra Indígena Sararé, no oeste de Mato Grosso, se dá por conta da atuação de uma nova organização criminosa no local.

“Nós temos identificado na Sararé que se trata de crime organizado. Isso exige um aparato policial muito maior [para expulsão]. Então, precisamos identificar qual organização criminosa e, a partir daí, trazer isso para outro cenário que é de apoio policial para a retirada desses invasores”, disse.

A reportagem também apurou que o grupo criminoso, provavelmente ligado a uma facção que atua em Mato Grosso, financia e comanda fortemente a extração ilegal de ouro na terra indígena.

Até agosto de 2022, o garimpo ilegal era comandado pela família de Marlene de Jesus de Araújo, que se autointitulava como a “Rainha da Sararé”. Ela foi presa pela Polícia Federal nesse mesmo mês. No lugar, a organização criminosa dominou o garimpo, apesar de inúmeras ações da Força Nacional, da Polícia Federal e do Ibama.

A superintendente destacou também que as ações do Ibama, da Polícia Federal e até da Força Nacional tem apenas “enxugado gelo”,  dada a força da atuação da nova organização criminosa.

“Temos percebido mesmo esse aumento da pressão do garimpo, que não parou [na Sararé]. Mas nós temos feito um trabalho de inteligência para identificar esses atores, responsabilizá-los também criminalmente e fazer a dissuasão com a queimada desses maquinários, que têm valor alto. E, na medida do possível, tentar fazer a recuperação ambiental daquela área”, explicou.

Cibele apontou ainda para a valorização do ouro no mercado como fator para o aumento na invasão da terra indígena pelo garimpo ilegal.

Conforme mostrado pelo Midiajur anteriormente, imagens de satélite agregadas pelo Google Earth registram uma área de quase 9 km de extensão do garimpo dentro da Sararé.

As imagens de satélite também mostram que a atividade de destruição ambiental no território indígena, com desmatamento e abertura de valas para extração de ouro ilegal, aumentou de forma significativa a partir do final de 2023. Ao redor do garimpo, os satélites mostram estradas abertas no meio da mata para fora da terra indígena, para onde entram os equipamentos dos garimpeiros e por onde sai o ouro ilegal.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento administrativo, no início deste mês de março, para investigar a degradação ambiental causada pelo garimpo ilegal na Sararé.

O objetivo é “acompanhar as estratégias e enfrentamento da degradação ambiental causada pela mineração ilegal na TI Sararé e colher informações quanto aos danos difusos ambientais e individuais homogêneos causados à comunidade indígena da região”.

Além disso, a terra indígena foi um dos territórios considerados prioritários pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em um novo plano operacional de desintrusão de pessoas não-indígenas, que precisa ser executado em menos de 12 meses por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

Fonte: MidiaJur

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